31 maio 2005

CHICAGO HOPE
RolePlay



-“Então e a mãe sente-se melhor?” - perguntou a filha enquanto ajeitava as cobertas da cama, revolvidas pela constante busca da posição mais confortável, depois de semanas a repousar no mesmo leito;
-“Oh filha nem sei… Sinto-me na mesma, sei lá como me sinto, não vejo melhoras nenhumas…” – replicou enquanto abanava a cabeça, num jeito de quem já se conformou com a miséria da condição humana;
-“Mas se os médicos dizem que amanhã se calhar já vai para casa, então é porque está melhor! E nota-se que tem muito melhor cara mãe!” – saíam-lhe afirmações sustentadas por argumentos circunstanciais, nem todos verdadeiros, sentia-o por dentro. É sabido que a alma necessita de alento, pelo que o discurso lhe saiu de forma convicta, quanto mais não fosse para a animar um pouco, um placebo administrado em palavras e em consolo.
-“Olha… Se calhar até já me sinto melhor, filha…” – ao ouvi-lo disse para si mesma:
-“Olhe mãe… Se calhar também eu…” – e despediu-se com um beijo na testa e a esperança dum dia melhor.

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