01 junho 2004

Hoje dei por mim a rezar. Tenho uma amiga que não reza e pelas explicações que me deu destas coisas da vida, o seu credo mais parece uma demonstração matemática.

Será que Deus não passa duma equação?

Quando era mais nova (!!há três quinze dias!!) julgava que o planeta Terra era uma caixa de Petri que os extraterrestres estudavam, tipo cultura biológica em ambiente controlado e que os humanos eram matéria de estudo para as aulas de biologia e química dessa gente. Era chavalita, não pensava ou melhor, pensava demais e queria explicar tudo para ser melhor e mais perspicaz que os meus amigos com acne.

Também me divertia a pensar que tipo de coisas diriam sobre mim, como seria classificada, em que grupo estava, que tipo de nome me dava... Provavelmente algo como “Chavalas Brilhantum et Giraçum” !! Narciso, larga o espelho!

Tinha razões para tal já que, se conseguiram criar algo como a Terra com o seu equilíbrio ecológico e a forma linda como tudo se combina(ava), então conseguiriam monitorizar cada passo nosso, desde o acordar até à hora de pôr o casaco de madeira. Era nova, não pensava…
Depois cresci e vi que não podia ser assim. A beleza da vida não pode ser regulada pelo meio de cultivo, temperatura ou pH da solução. Não pode. Tem que haver alguma mais, é tudo muito bonito.
Tenho conversado com diversas pessoas que sentem o que sinto. Há circunstâncias, pequenos gestos, atitudes, um pôr do sol, um abraço certeiro, coisas mínimas, que normalmente passam ao lado de tão simples que são, e isso sim faz-me ver que não pode ser com varetas ou gobelets que se faz a carne humana.
Houve uma altura em que a vida me corria tão mal que julgava que Deus tinha mesmo que existir, tudo era mau demais para ser coincidência ou obra do acaso. Tinha que haver um Dundgeon Master a prejudicar cada um dos meus passos e a passar-me rasteiras a torto e a direito. Era tudo muito bem planeado.
Não me meterei em teologias, pouco ou nada sei sobre tal assunto, mas a realidade é que acredito. E não necessariamente por precaução, tipo PPRE, ou seguro de “além vida”. Acredito porque não consigo entender a vida doutra maneira, não vejo os dias como obra do destino, não faria sentido tentar ir mais além se assim fosse. Se eu soubesse hoje, por adivinhação, que ia morrer pobre, que seria esse o meu fado, nunca teria perdido tanto tempo a estudar, ou desistiria de tentar superar-me fazendo o que faço da melhor forma possível (que nem sempre acontece por motivos vários…mas eu tento).

Já houve quem me adivinhasse um futuro de solidão:”Tu a continuares assim vais acabar sozinha”. Custou a ouvir na altura,ainda martela um bocado, sobretudo vindo de quem vinha, e o que se lhe seguiu não foi muito melhor mas ainda assim acredito que tamanho poder, só o tempo tem e ninguém pode prever dessa forma a vida de ninguém. Blasfémia das blasfémias, acho que nem Deus sabe muito bem… O ser humano é estranho demais e até o Todo Poderoso deve ter dificuldades em fazer previsões.

No que eu acredito é que Ele está lá, com túnica ou sem túnica, com missal ou sem missal, com Santos ou sem Santos, eu acredito que Ele está lá.