19 maio 2005

É uma raiva tão grande que se carrega cá dentro que apetece explodir na mais ínfima partícula que exista e que não se vê a olho nu. Repartir tudo o que se sente em mais do que um bocado para minimizar o seu todo. Dividir para conquistar. Rebentar como os peixes quando comem demais, mas em vez de pedaços de matéria, soltar vazio.
E espera-se por tudo, confiantes duma melhoria milagrosa, a fé que não se arranja, dúvidas atrás de dúvidas, o futuro que pertence a alguma entidade mística, um tremor nas pernas e medo, muito medo…
Todos se preocupam com uma sinceridade que magoa, quase acusações directas para o que está a acontecer: “Mas vocês não falam com eles? VOCÊS TÊM QUE FALAR COM ELES! Não podem continuar assim!” – um revolver apontado à cabeça para dizer o quê? Corre-se para lá, há quase intimidade entre quem é profissional e nós. Atarantados que nem baratas, engolindo o fumo inebriante da melhor maneira, sem cambalear à frente de quem padece, tudo está bem, preocupe-se consigo.
Cada dia uma nova fraqueza, uma nova dor, uma outra queixa à qual se assiste com incredulidade pela rapidez com que aparece. Máquinas atrás de máquinas, com funções directas eficazes mas com efeitos secundários para o paralelo, é intoxicante aquele ambiente, todo ele.
As pessoas vai saindo e nós sempre na correria entre o palco que se tornou o dia-a-dia e a realidade que é atravessar aquela porta.
É madrasta esta puta de vida…

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