23 março 2004

Sabem qual a impressão deixada na pele por um gesto, um toque, um sorriso? Não é optima?E custa a apagar...e isso é bom!! AHAHAH!!

Para compensar todos aqueles que continuam fãs do meu pequeno espaço de estética sociológica, hoje decidi prendar-vos com um segredo meu, até hoje nunca revelado, e que contribuirá para deslindar um pouco mais a tese, ultimamente desenvolvida, a qual defende o meu elevado grau de insanidade (vá-se lá perceber..). Avante!!

Os que privam comigo com alguma assiduidade, sabem que já me encontro no mundo do trabalho há algum tempo (1 anito, mas deixai-me sentir e bradar aos quatro ventos “o peso que é ir trabalhar!!!”) e aqueles que como eu têm um chefe a quem chamar nomes, saberão que nem todos os dias apetece contribuir para o Produto Interno Bruto...melhor ainda, são poucos os dias em que apetece contribuir para a porra que ainda agora escrevi e que, perdoai a ignorância, nunca percebi muito bem...

Acordar à hora marcada, seguir os trajectos costumeiros, rituais diários, os mesmos gestos, cumprimentos, assuntos a tratar, sorrir para caras que nada nos dizem e que mal chega a sexta feira tentamos por tudo esquecer, é complicado! Muito complicado mesmo… Nunca na vida dei tanto valor à doce textura que envolve uma boa tarde e/ou dia sem fazer nada! É bom fazer nada.

No entanto há aqueles que gostam do que fazem e tiram do seu dia a dia, para além do sustento material necessário para uma vida sã ( maldita invenção da moeda!! ), alegria e aquele sorriso ridículo que tanto tento imitar, apesar de nunca o ter conseguido. É invejável e são poucos os que sinceramente o poderão ostentar. Eu, que nunca o consegui esboçar sem uma leve tonalidade de amarelo, recorro a artifícios e escapes, alguns dos quais consumíveis na forma líquida e não só… Mas foi nessa altura que surgiu a minha nova arma e é aqui que reside o meu segredo para encarar a minha labuta diária!! Qual Batman, herói de fato roxo, com as cuecas de fora (cena bem gay devo dizer) e cinto apetrechado, descobri a cura para todas as segundas feiras de “Ai Jesus que lá vou eu”, todas as terças feiras de “tem que ser e tem”, todas as quartas feiras de “podia ser só segunda”, todas as quintas-feiras de “já falta pouco” e todas as sextas de “ ‘tava a ver que nunca mais era sábado!!

Eu tenho a cura e essa cura chama-se Dona Maria José!

A Dona Maria José trabalha no mesmo sítio onde eu trabalho e cruzo-me ocasionalmente com a senhora à hora das refeições. É de estatura baixa e fisicamente faz-me lembrar a minha Santa Mãe!! Talvez por associação de ideias, entre quem ela me faz lembrar e o que sinto sempre que a vejo, cumprimentar a Dona Maria José é LINDO!! Cada vez que o faço, e nos dias melhores são cerca de três vezes, é uma sensação de revitalização que nem vos digo, nem vos conto… A senhora está sempre a sorrir e a cada “Bom dia” ou até mesmo “Olá tudo bem”, é um brilho novo naqueles olhos, como se o facto de nos ver tornasse o seu próprio dia algo melhor… Ela ri quando cumprimenta e dá para ver que não é por conveniência, é porque tem que rir!! No meu humilde entender, a Dona Maria José tem que sorrir, porque ao contrário de nós mortais, já atingiu a compreensão máxima que nos diz que a vida tem que ser mesmo assim!! Como explicar? Como explicar?? Sabem aquele amigo especial que só com o olhar, só com a presença nos diz que tudo está bem? É o que sinto quando vejo a senhora e já me aconteceu entrar naquele sítio tentada ao suicídio numa qualquer tubagem de gás ( é a vantagem de trabalhar numa fábrica de químicos, temos a morte ao alcance duma válvula!!), olhar para aquela pessoa e sentir que…afinal até bem pode vir a ser uma bom dia!! É lindo!! Atingir a paz daquele sorriso parece tarefa Hercúlea mas quero acreditar que é possível.

Não me parece que seja preciso muito dinheiro, nem grande ostentação, simplesmente paz. Quando vou almoçar e a vejo na sua mesa, atenta ao que está a fazer, sem se importar muito com a possível falta de companhia, fico orgulhosa de mim mesma já que também eu consigo comer sozinha sem grandes constrangimentos. Pelo menos na cantina, já que em restaurantes nunca tentei, mas é o próximo passo!! Não porque não me apeteça companhia, mas por só me apetecer a minha. Quero atingir essa paz sem qualquer pudor, querer estar comigo e dizer bom dia!!

Encontrem a Dona Maria José dos vossos posto de trabalho, no sítio onde estudam, nos cafés que frequentam e aprendam o que eu leio cada vez que a vejo: qualquer dia pode bem ser um Bom Dia Dona Maria José!!!!

Vida Feliz!!!!!!!!!!!!!!!!!

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