29 novembro 2004

Olhando para trás não passou dum sonho, daqueles com padrões garridos e complicados, como os que tão enjoada me deixavam em pequena. Acordava a meio da noite com náuseas e esperava pelo resto do sono, pensando em coisas bonitas, deixando a porta aberta para ser ouvida pelos pais, mas sem chorar. Tudo se esfumou, parou no tempo e é recordado com mágoa e dor, sobretudo muita dor.
Como esquecer pergunta-se há décadas, como evitar que moa tanto no peito, um esgar pejado de saliva, uma raiva pela desilusão e uma náusea por acreditar no que foi verdade. Verdade a sério. Não há culpas no meio de tudo, uma leva a outra, tal como temos duas mãos, dois pés, dois braços …

São dois braços, são dois braços
servem pra dar um abraço
assim como quatro braços
servem pra dar dois abraços

E assim por aí fora
até que quando for a hora
vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços

Vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços
prós abraços vão ser tantos os abraços
que não vão chegar os braços

…num abraço, mas … então! Onde estão? Onde foram, a falta que fazem, são só dois os que se perderam.
E o mau estar e a vertigem e a falta de confiança e os meus medos e o que quero e o que vivo e os amigos?

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